Sunday, September 18, 2022

A Tentação Sob a Ótica do Catolicismo

A conversation in Quora Brazil in March 27th of 2021:

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. De acordo com o catolicismo moderno, se um homem desejar outro homem na carne, cometeu pecado, por ser contrário à lei de Deus?

  

Luis Henrique Piovezan , estudou Teologia e Teologia em Centro Universitário Claretiano

Respondido sáb.

O pecado não está no desejo, mas no ato. Conforme está no Catecismo da Igreja Católica:

1868. O pecado é um ato pessoal. Mas, além disso, nós temos responsabilidade nos pecados cometidos por outros, quando neles cooperamos:

·         tomando parte neles, direta e voluntariamente;

·         ordenando-os, aconselhando-os, aplaudindo-os ou aprovando-os;

·         não os denunciando ou não os impedindo, quando a isso obrigados;

·         protegendo os que praticam o mal.

Se você tem um desejo de pecar e não age, não ocorre o pecado. Este desejo de pecar se chama tentação.

Sobre pecado, leia os parágrafos 1846 a 1869 do Catecismo:

Catecismo da Igreja Católica. Parágrafos 1699-1876

CAPÍTULO PRIMEIRO A DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA 1700. A dignidade da pessoa humana radica na sua criação à imagem e semelhança de Deus (Artigo 1) e realiza-se na sua vocação à bem-aventurança divina (Artigo 2). Compete ao ser humano chegar livremente a esta realização (Artigo 3). Pelos seus actos deliberados (Artigo 4), a pessoa humana conforma-se, ou não, com o bem prometido por Deus e atestado pela consciência moral (Artigo 5). Os seres humanos edificam-se a si mesmos e crescem a partir do interior: fazem de toda a sua vida sensível e espiritual objecto do próprio crescimento (Artigo 6). Com a ajuda da graça, crescem na virtude (Artigo 7), evitam o pecado e, se o cometeram, entregam-se como o filho pródigo (1) à misericórdia do Pai dos céus (Artigo 8). Atingem, assim, a perfeição da caridade. ARTIGO 1 O HOMEM, IMAGEM DE DEUS 1701. «Cristo, [...] na própria revelação do mistério do Pai e do seu amor, manifesta plenamente o homem a si mesmo e descobre-lhe a sua vocação sublime» (2). Foi em Cristo, «imagem do Deus invisível» ( Cl 1, 15) (3), que o homem foi criado «à imagem e semelhança» do Criador. Assim como foi em Cristo, redentor e salvador, que a imagem divina, deformada no homem pelo primeiro pecado, foi restaurada na sua beleza original e enobrecida pela graça de Deus (4). 1702. A imagem divina está presente em cada homem. Resplandece na comunhão das pessoas, à semelhança da unidade das Pessoas divinas entre Si (cf. Capítulo segundo). 1703. Dotada de uma alma «espiritual e imortal» (5) a pessoa humana é «a única criatura sobre a tema querida por Deus por si mesma» (6). Desde que é concebida, é destinada para a bem-aventurança eterna. 1704. A pessoa humana participa da luz e da força do Espírito divino. Pela razão, é capaz de compreender a ordem das coisas estabelecida pelo Criador. Pela vontade, é capaz de se orientar a si própria para o bem verdadeiro. E encontra a perfeição na «busca e no amor da verdade e do bem» (7). 1705. Em virtude da sua alma e das forças espirituais da inteligência e da vontade, o homem é dotado de liberdade, «sinal privilegiado da imagem divina» (8). 1706. Mediante a sua razão, o homem conhece a voz de Deus que o impele «a fazer [...] o bem e a evitar o mal» (9). Todos devem seguir esta lei, que ressoa na consciência e se cumpre no amor de Deus e do próximo. O exercício da vida moral atesta a dignidade da pessoa. 1707. «Seduzido pelo Maligno desde o começo da história, o homem abusou da sua liberdade» (10). Sucumbiu à tentação e cometeu o mal. Conserva o desejo do bem, mas a sua natureza está ferida pelo pecado original. O homem ficou com a inclinação para o mal e sujeito ao erro: O homem encontra-se, pois, dividido em si mesmo. E assim, toda a vida humana, quer singular quer colectiva, apresenta-se como uma luta, e quão dramática, entre o bem e o mal, entre a luz e as trevas» (11). 1708. Pela sua paixão, Cristo livrou-nos de Satanás e do pecado e mereceu-nos a vida nova no Espírito Santo. A sua graça restaura o que

http://www.vatican.va/archive/cathechism_po/index_new/p3s1cap1_1699-1876_po.html

 

Se o desejo se materializa em ato, em atitude ou omissão, aí surge o pecado.

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Anne Henriques

dom.

Oi Luís,

No que você quotou, seja no entendimento venal ou mortal do pecado, não afirma de modo algum que o fato gerador do pecado é o ato consumado, porque, o inc.VI do catequismo [Catequismo – Parte IV – Seção II, a Oração do Senhor – Artigo III, as Sete Petições, inc. VI “E Não Nos Deixeis cair em Tentação”, link], define a tentação como o caminho do pecado, e não uma dúvida de aprendizado. A tentação ficou entendida como um esconderijo Bíblico, nas questões sexuais onde a natureza do ser está envolvida, aquilo onde ‘não se vê’, onde algo ‘não pode ser afirmado’, pior que ‘Sheol’. A tentação é uma palavra de origem Bíblica, a tentação nos moldes propostos pelo Cristianismo, é desconhecida de outros povos, a começar pelos Gregos. Uma espécie de ‘vacância’ da Lei, uma justificativa pra inocência, onde o gosto é descaracterizado como a complacência da maldade, a natureza da carne, e não exatamente o barro onde Deus esculpiu... Tamanha a discrepância, como algo Instituído por Deus, como algo elementar ao desenvolvimento do homem. É uma forma estranha de caracterizar o gosto de Deus, descaracterizando-o naquilo onde Ele mesmo o afirmou. Eu penso que naquilo que você escreveu, não há muitos elementos constitutivos que isentem a tentação como não sendo pecado, então, eu vou tecer mais algumas linhas, porque de fato, a minha resposta só ia até aqui. Mas, é como já falei antes, é muito importante pra mim que o Cristianismo chegue a uma definição daquilo que ele acreditapara que o natural possa ser melhor entendido, fora de atribuições.

A tentação marca o início do pecado, como muito bem-definido na passagem de Eva: “aquilo que é justo aos olhos e gostoso de pasmar”, é o objeto da morte. A tentação, em tais condições, não pode ser confundida com um teste de crescimento moral, no latu sensu de um bem de Deus, naquilo onde Deus deixou à livre-escolha, um auto-juízo, isso é válido praquele ser que não tem exato entendimento de sua sexualidade, e ainda navega em desentendimento de sua própria sensorialidade, no latu sensu de um gosto: o gosto precede a tentação, pra todos os ângulos: e Deus deixou claro qual é o Seu gosto, no latu sensu de um Comando. A tentação, para Deus, é a manifestação de um gosto em direção a um gosto proibido: aquele que deseja outro homem, ou, que se deita com outro o homem, tem um gosto naquilo que ele faz: e não nega seus desejos, naquilo que já existia no antes: antes mesmo de a tentação ser configurada: a atração carnal por outro homem não é um gosto para Deus, seja ela mental ou física, e o que não é um gosto para Deus, é porque Deus achou ruim: e o entendimento Bíblico é que o homem não vá afrente com os seus desejos pecaminosos, porque isso só vai piorar a sua pena: não é por um pecado ser leve que ele deixa de ser pecado, está escrito no Catequismo. O judaísmo tratou a questão que envolve a tentação como um teste de fidelidade a Deus: mas não afastou de seu entendimento doutrinário que aquele que caminha em teste de fidelidade com Deus está apenas provando a existência do pecado, pois de outra forma, tais testes sequer seriam inicializados, independentemente de sua procedência ser ou não de Deus : porque a concordância da culpa é o próprio entendimento daquele que caminha em pecado pelo sentimento de resistência a um vício: Cristo, em termos Bíblicos, responde, em todas as passagens, a tentação como algo que deve ser evitado, por se ter perfeito entendimento que aquilo é um desagrado pra Deus: “não nos deixeis cair em tentação”, não ‘nos deixeis’ nem entrar em tentação e nem cair nela. Este não é bem o entendimento de Paulo, que também não escreveu nada validando que o pecado “começa na carne”: Um homem “desejar outro homem na carne” é um ato configurado e acabado, mas o homem fazê-lo em espírito também é, esse é também o entendimento de Paulo, em 2Cor12: Paulo não sabe se foi na carne ou no espírito, ou em ambos. Isentar-se na causa que o garante não é o mesmo daquele que pede perdão de seus pecados, de outra forma, não haveria redenção: não cabe a interpretação da forma como você angulou a tentação, porque, em tais condições, brincar com a tentação é apenas usar a palavra de Cristo em vão. Cristo, em muitas passagens responde aos Fariseus - que abusam do teste de aprendizado como uma vacância do pecado, que a tentação tem a capacidade de ‘afastar o pecado ou excluí-lo totalmente’ como uma forma de inocência, nos casos onde o reconhecimento já está devidamente configurado: isso é válido para um jovem de 15 anos ou menos, mas não para adultos, reconhecidamente, os quais têm o perfeito entendimento do Comando e do desagrado ao gosto de Deus.

Em “pular uma taça”, ou na passagem do deserto - “se jogar no abismo” , é o entendimento de que se a tentação for inicializada, ele certamente cairá, e certamente morrerá: Cristo não pulou: ele não se entregou aos pecados, onde o “acreditar que se seguisse assim, em queda, seria salvo em algum momento, pelo Espírito Santo” poderia ser angulado: ele reconhece a sua fraqueza naquele momento, e não dá ouvidos, no latu sensu de algo a ser evitado mesmo. Não é o entendimento de Paulo, Paulo cai, e por cair, ele pôde: e é basicamente isso que a ortodoxia está questionando, se o entendimento de Paulo sobre Cristo estava correto.

Na passagem do deserto o mundo é ventilado em meio aos presets do desejo, o qual está implícito onde, na batalha entre ‘a carne-e-o-espírito no x1’, o espírito certamente perderia, devido ‘as fraquezas da carne’: Cristo nos revela em todas as suas passagens que o homem sob a condição de pecador, não teria a capacidade de resistir a tentação, ainda que “arranque seus próprios olhos, suas próprias mãos, partes, ou até seu próprio corpo”, e por isso a evicção: que ele teria que estar na condição de um morto e odiar sua própria vida, seu próprio corpo, para poder escapar de uma tentação: isso não desqualifica a tentação como pecadoao contrário, a reafirma, como a precedência naquilo que se segue .

Luís, eu acho que o seu entendimento não está tão certo assim, digo, estaria mais perto da concordância que Papa Francisco estava seguindo, mas, de forma alguma está no entendimento da outra facção católica, a ortodoxia – que como já se mostrou, é bem moderna também.

No bom entendimento de Ratzinger, ‘a tentação não pode ser sustentada como um elogio ao vício’, no latu sensu do “desejo pecaminoso”: a tentação, embora tenha um entendimento amplo, está sujeita a uma causa expositiva, o conhecimento , e não exatamente uma causa aparente, e a diferenciação não é tão desexplicativa assim: a “cobiça”, em termos Bíblicos, está envolvida com os olhos, o primeiro evento é Eva e a maçã, “justo aos olhos”: Eva tinha o conhecimento de que aquilo era pra comer, e de que aquilo era proibido.

A tentação é a manifestação de um gosto em direção ao outro gosto, proibido. Satã, quando encontra com Cristo no deserto, oferece a Cristo coisas das quais Cristo tinha conhecimento prévio, e Cristo resiste a tentação: Cristo não identificou como um teste de conhecimento, porque o desejo sexual é algo bem configurado, não cabendo desentendimento na observação.

Em nenhum momento Cristo faz uma transposição em imagem nos significados translatados em gosto do pecado, naquilo que Satã oferece pra ele. Pelo menos é o que está Escrito, que Cristo não “tremeu nas bases” e nem “ficou problematizado porque aquilo de fato era um gosto”, e não teve “uma única ereção, mesmo com fome”: É um detalhe importante, porque a forma como Cristo lida com a tentação, é em culpa e rejeição, em contrariedade: ele não se permite em desejos naquilo que é entendido como pecado, e ao modo dele, mesmo se martirizando, não foi ‘pro banheiro’: bem diferente de um masturbador compulsivo que se acaba pensando em outros homens, ou porque “viu outro homem na rua ”e “encantado do que viu”, “teve uma súbita ereção, e imaginou coisas”, e essas coisas “não ficaram pela metade”, ainda que isso não tenha se estendido fisicamente ao próximo, em ato consumado, naquilo por onde a possibilidade tramita.

Mateus 5:28 “Quem quer que seja que olhe para uma mulher com luxúria por ela, já cometeu adultério com ela em seu coração”

Cristo foi às vias de fato com a tentação. Eu não creio que Deus elogia este tipo de coisa, a permissão tem um alcance muito amplo, mas virar benção é muito longe de uma tolerância e um perdão, que Deus “sabe, mas permite”: é não, é algo para ser evitado, no mais longe que uma batalha espiritual possa ser entendida como a proximidade de um perdão, no latu sensu de uma misericórdia, jamais um elogio a continuidade de tal prática. “Resistir a tentação” não é a mesma coisa de exercê-la em luxúria, ainda que em desejos pecaminosos íntimos e autopessoais, os quais aqueles que desentendem urgem ser o amor de Deus: De outra forma, seria abençoar a continuidade de um vício, o pecado.

O entendimento teológico de desejos pecaminosos tem o alcance espiritual, no latu sensu da mente, por atentar contra o coração de Deus: e esse é o marcador do ato, do entendimento jurídico do pecado, um crime contra uma Lei de Deus: porque a semente é o inviolável de Deus, não existe cláusula de exceção pra semente: um homem pode desejar uma mulher com luxúria e cometer adultério, mas se este mesmo homem desejar uma mulher por causa da semente, ele será abençoado: no entanto, se este mesmo homem desejar um outro homem também por causa da semente, ele não pode e nem tem como ser abençoado, porque a semente não pôde ser contrária a Lei Natural: Deus sabia que não poderia ser contrário a isso: e por isso a natureza dos corpos foi criada: o um na carne só está disponível para homem e mulher, e o um no espírito também: nada que atente contra a estabilidade da semente, no que possa produzir tentação: a semente é o core de uma ação, aonde a tentação tem que ser afastada, pra qualquer ângulo, por ser um risco ao plano de Deus. A ereção implica em perda residual de semente, a ejaculação tem essa marcação na Lei de Deus, ainda que a vontade esteja coberta pela lógica do involuntário, a tentação não pode ser entendida como um álibi pro pecado, leia-se, ela não está fora do pecado, mas ao invés, é o marcador do início do mesmo, cuja progressão aumentará a sua carga e culpabilidade, como uma gota d’água em um oceano, o pecado não pode ser subestimado em seu tamanho. Você cotou de uma forma muito vaga que ‘a tentação não seria um pecado praticado’: o homem que deseja outro homem na carne, é um ato consumado. Você não acha que é esse o entendimento de Santo Agostinho em Confissões, um “escravo da luxúria”?, e “desejos pecaminosos”- Súmula Teológica de Tomás de Aquino, [parte II da parte II, cap.153, 154]..?, também, em Cipriano (Ad Pompon, de Virgin., Ep.Ixii): “Por seu específico intercursos, seus afagos/lisonjeios, suas conversas, seus abraços, aqueles que estão associados em um sono que desconhece tanto a honra quanto a vergonha, reconhecem sua desgraça e crime”.

Onde, sobre isso, Agostinho afirma [x]: “Onde portanto, ao fazer tais práticas, um homem é culpado de um crime, ou seja, o do pecado mortal”

A morte era uma heresia, até o aparecimento dos desejos. Foi o Cristianismo que começou a questionar os desejos na natureza do pecado: Os desejos foram melhor configurados no próprio Cristianismo, em uma forma de desentender o Leviato, os cristãos passaram a buscar um algo mais, não queriam só se tratar como “irmãozinhos”, somente “beijinhos na boca”: e a briga foi intensa, e ela chegou aos dias atuais, e eu penso que os Católicos deram um grande passo no entendimento que homossexuais não podem ser abençoados nem como casais nem como naturais, porque independente da teologia em questão, não tem sustentação do Livro tal união. Eu de fato não sei como os homossexuais irão reagir aqui no Brasil, se tiveram este entendimento de que dois mil anos de desentendimento chegaram ao fim, e que seus comportamentos terão que ser outros perante Deus, penso que isso vai gerar mais preconceito, mas os cristãos tinham mesmo que dar esta explicação para outros povos, pelas tantas violências que praticaram e praticam. Quis-se seguir em desentendimento de algo... Mas eu penso que a comunidade católica deu sim um grande passo pra solução desse quebra-cabeça, pra essa metáfora sexual, muito mal contextualizada por Paulo: aquilo que não é um gosto pra Deus, não pode ser uma bênção. Sim, Deus gosta dos homossexuais, mas como pecadores, nunca mudará este status se eles não mudarem também. Como eles vão fazer isso, honestamente, eu não sei, ainda que morram como Cristo, a rejeição irá acompanhá-los até seu último momento. O por que Deus fez isso com eles, no latu sensu de ‘por que Deus os submeteu a tal determinismo, uma vez que conhecia a consciência de seus gostos e seus instintos carnais’, o Livro é claro sobre isso, para que ele reconhecesse sua condição e tentasse revertê-la, quis-se dar outra interpretação sobre isso, Papa Francisco foi o último a tentar carregar esta bandeira, mas está correto o meu entendimento que não havia outro entendimento a assinar a não ser o ortodoxo, porque ele está certo: o amor, no entendimento humano, não tem a capacidade de sobrescrever, surpassar, o entendimento primordial de Deus, o inviolável, a semente.

Agostinho, por exemplo, assim como Paulo, arruma mil e uma justificativas, tenta fugir daquilo o tempo todo, mas no final de suas argumentações, o entendimento dele é similar ao de Cristo, que Deus entende o desejo por outro homem como um pecado, e ele pede que Deus o ajude a se livrar da tentação , como sendo esse o verdadeiro mal , porque ele mesmo não tem tal capacidade, como ele mesmo se definiu, um ‘escravo da luxúria’.

Luís, eu aprecio o seu entendimento, ele é bem amarrado, justo, honesto, mas não está na concordância do entendimento Católico atual, principalmente depois que Papa Francisco voltou atrás na benção de casamento para uniões de mesmo-sexo, dentre outras coisas, e estar seguindo a concordância ortodoxa. Busquei este entendimento em outros países, eu não sei se a concordância do Catolicismo aqui no Brasil é essa, mas, ela não está exatamente igual no resto do mundo. Aqui no Brasil, os homossexuais acusam os heterossexuais como ‘homofóbicos’, e o preconceito é colocado afrente, e um criticismo se instalou por parte dos homossexuais, uma heterofobia, sem que sequer se tenha um suporte do Livro, como se os interesses humanitários estivessem sobrescrevendo algo, e este algo ser a Palavra de Deus, como se as necessidades humanas tivessem atingido um grau de emancipação das Escrituras e estivessem acima das mesmas, tamanho o liberalismo, e que isso que está acontecendo ‘é apenas uma mudança administrativa na Igreja’, ‘alguns maus, que não entendem o amor de Deus’, como se isso não tivesse nenhuma relação com a Bíblia, como se a Igreja não tivesse uma cabeça, algo que a regula: eu penso que essa forma de desentendimento não vai muito longe, e os homossexuais não vão aceitar nem vão ficar calados, eles têm o perfeito entendimento do significado da benção, onde o amor foi impossível pra Deus.

Eu costumo ler o material que você cota, boas fontes. Se você puder me dar melhores detalhes do seu entendimento de tentação, eu ficaria grata.

Grande abraço.

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Luis Henrique Piovezan

dom.

Para dizer que meu entendimento está errado, você deve indicar que o artigo 1868 do Catecismo foi retirado ou corrigido. Isto não ocorre. Assim, minha resposta está claramente dentro do que a questão pede, ou seja, se o desejo é um pecado. Não é. É apenas tentação.

O artigo 2846 é claro: "Esta petição atinge a raiz da precedente, porque os nossos pecados são fruto do consentimento na tentação". Ou seja, pecar é aceitar a tentação. O artigo 2847 diz: "Devemos também distinguir entre «ser tentado» e «consentir» na tentação".

A homossexualidade é um pecado contra a castidade. É semelhante ao pecador que tem uma amante ou que tem sexo eventual. Os artigos 2357 a 2359 mostram claramente o entendimento da Igreja. Citando: "Apoiando-se na Sagrada Escritura, que os apresenta como depravações graves, a Tradição sempre declarou que «os atos de homossexualidade são intrinsecamente desordenados»". O grifo mostra exatamente que o pecado da homossexualidade se dá pelos atos e não pelos desejos.

E veja que o Catecismo é claro quanto à discriminação: "Devem ser acolhidos com respeito, compaixão e delicadeza. Evitar-se-á, em relação a eles, qualquer sinal de discriminação injusta". Assim, como Católicos, devemos acolher os homossexuais como devemos acolher qualquer pessoa. Acolher não significa concordar com pecado, mas não julgar uma pessoa pelo pecado.

Você tira Mt 5,28 do seu contexto. Se lermos ao pé da letra, o mundo deveria estar cheio de caolhos. Não é isso. Leia a perícope inteira: Mt 5,17-48. Jesus, no Sermão da Montanha, indica a Lei e os Profetas não foram abolidos, mas aumenta sua exigência, inclusive no amor: "Se amais somente os que vos amam, que recompensa tereis? Não fazem assim os próprios publicanos?" (Mt 5,46).

É neste sentido que não há divergência no que Francisco coloca na Amoris Laetitia (Amoris laetitia: Exortação Apostólica Pós-Sinodal sobre o amor na família (19 de março de 2016)) e o comunicado do Santo Ofício (Responsum da Congregação para a Doutrina da Fé a um dubium sobre a bênção de uniões de pessoas do mesmo sexo (22 de fevereiro de 2021)).

A Amoris cita em seu parágrafo 251: "No decurso dos debates sobre a dignidade e a missão da família, os Padres sinodais anotaram, quanto aos projetos de equiparação ao matrimónio das uniões entre pessoas homossexuais, que não existe fundamento algum para assimilar ou estabelecer analogias, nem sequer remotas, entre as uniões homossexuais e o desígnio de Deus sobre o matrimônio e a família. É «inaceitável que as Igrejas locais sofram pressões nesta matéria e que os organismos internacionais condicionem a ajuda financeira aos países pobres à introdução de leis que instituam o “matrimónio” entre pessoas do mesmo sexo»".

O mesmo indica o Responsorum: "Por tal motivo, não é lícito conceder uma bênção a relações, ou mesmo a parcerias estáveis, que implicam uma prática sexual fora do matrimônio (ou seja, fora da união indissolúvel de um homem e uma mulher, aberta por si à transmissão da vida), como é o caso das uniões entre pessoas do mesmo sexo".

Assim, não há nenhuma mudança de posição do Papa Francisco ou da Igreja.

Por fim, não concordo com sua afirmação de que: "Aqui no Brasil, os homossexuais acusam os heterossexuais como ‘homofóbicos’, e o preconceito é colocado afrente, e um criticismo se instalou por parte dos homossexuais, uma heterofobia". Comece a ler estudos como https://www.fgv.br/mailing/2020/webinar/DIREITO/Nota_Tecnica_n.pdf.

Em resumo, minha colocação sobre pecado está correta.

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Anne Henriques

Há 3h

Oi Luís, a pergunta foi se é pecado um homem desejar outro homem na carne. E você respondeu que não, que ‘o desejo é livre e que o pecado só existe a partir do momento que chega na carne’, leia-se, quando dois homens se deitam, não sendo específico se o pecado também começa em meio ao sexo ou só se houver a perda de semente. Nem nisso você foi claro. Foi onde eu falei que este não é o entendimento do Livro, e penso eu, também não é o da Ortodoxia Católica. E fiquei surpresa que o entendimento no Brasil possa estar estranho aos demais países com os quais tive contato e conhecimento, grandes teólogos, de grandes universidades e grandes centros, o pensamento deles não está exatamente nem parecido com o seu. Eu, como já disse antes, respeito a sua opinião, porque você mantém o diálogo, seus argumentos são bons, você dá fontes, o tipo de coisa rara aqui no Brasil também, e eu sempre entendi isso como uma forma de escapismo Brasileiro: porque eu sou clara em minha intenção, é esclarecer as coisas, e o meu entendimento mais simples é que o cristão foi disciplinado a agir assim, seja por medo ou ignorância, ou por entendimentos cruzados entre Paulo e Cristo: e foi como eu entendi, o Cristianismo aqui no Brasil ficou ‘bugado’ - Renato Russo, Pastor Caio Fabio, Silas Malafaia e outros. Então, praquilo que foi colocado, o desejo pecaminoso, Cristo foi claro, em uma única passagem. É análogo a Lucas 19:27.

Aquilo que é sublinhante pra Cristo, ele não é repetitivo, ele fala apenas uma única vez. É incrível como o cristão é tendencioso a dizer que esta passagem “se refere a uma outra coisa”, e que “no desenvolver da parábola a interpretação é outra”: e foi exatamente o que você fez. Não tem nada errado com Mateus5, ele é claro, limpo, direto e plano.

Cristo é hardcore: O Espírito tem que ser Santo. O Espírito Santo não pode coexistir com uma mente contaminada, porque o espírito não pode ser sujo: É muito pior do que Moisés. E até por isso o Cristão não entendeu direito a Aliança: e o desejo, até Cristo, não havia sido sequer bem questionado, o tamanho de seu alcance sobre os maus pensamentos, importância do olhar. A ressurreição foi colocada afrente, e o desejo enorme de ser um ressurgido tenha sido a bandeira do Cristianismo do Ano I, mas, após as primeiras décadas da morte de Cristo, o contrato – o novo pacto, passou a ser melhor entendido pela Cristandade daquela época. O Reino do Céu é só para aqueles verdadeiramente puros, não pode haver desejo de qualquer qualificação pecaminosa que atente contra o status quo da semente, aonde a luxúria está envolvida. E o entendimento de Cristo é básico: praqueles que não suportam e têm problema com sua castidade moral, é arrancar fora, é cortar tudo, até o próprio corpo, em sacrifício: não pode haver fumaça, que dirá fogo. A preocupação de Cristo era com aquilo que estava dentro, e não exatamente com aquilo que ‘está fora’, o corpo: que o espírito limpo é a garantia do corpo, porque um espírito limpo não vai estar refém da tentação, ela não é inicializada, jamais será uma progressão, um caminho. De outra forma, seria desentender completamente o seu sacrifício, ele morreu por isso. O corpo tem que estar morto, não tem outro jeito, é o preço da Ressurreição. E eu penso que isso assustou os cristãos, quando leram direito o contrato: aquilo que parecia ser um maná dos céus, carregava o peso de um elefante: o pão de Cristo era sem gosto, e a carne sem sangue, porque o sal, para Cristo, era isso, que o gosto de Deus era esse, e por isso o gosto dele não poderia ser diferente. ..: Então, apareceu Paulo e disse, “olha gente, não é assim desse jeito, vocês estão levando tudo ao pé da letra, se fosse assim, todos seriam caolhos, eu andei falando com Deus e ele falou que a história é outra, que na Lei do Pecado e da Morte, e na Graça, na repetência e na continuidade nós podemos reverter essa situação e tornar a ressurreição constante”: aí a franquia bombou, mil franquias abriram pra Paulo, enquanto a de Pedro afundou. Mas a chave foi entregue para Pedro, e não para Paulo. E no meu entendimento, é o que está acontecendo agora, uma reestruturação daquilo que o Liberalismo, posto afrente em humanidade, estava progressivamente se emancipando do Livro e sobrepassando-o em muitos aspectos, então.. . Se você quiser, eu boto inúmeros artigos, inúmeras posições de Papa Francisco ao longo destes três anos, que são bem claros sobre este entendimento, não é o escopo do assunto aqui abordado, mas eu acompanhei de perto esta discussão e tenho todos os links aqui em meus arquivos, você pode negar dizendo “que estas discussões não são oficiais”, mas não pode negar que elas existiram, assim como o Papa tentou defender a união matrimonial de mesmo gênero na Igreja, ele também defendeu casamentos para padres, re-casamentos para já divorciados, diáconas mulheres, etc., é algo bem-conhecido mundialmente, ainda que pela porta dos fundos. A Igreja Católica estava caminhando a largos passos pra virar uma igreja evangélica, e os Ortodoxos entenderam isso como uma quase-heresia. Porque a humanidade, em seu entendimento atual, o “moderno”, não pode sobrepassar de forma alguma o entendimento do Livro.

Sobre o que você colocou, eu investiguei os artigos e não vi nenhuma disparidade naquilo que escrevi, nas observações que você fez, que “eu não teria lido direito” ou teria “interpretado mal”.

Você falou:

“Se você tem um desejo de pecar e não age, não ocorre o pecado. Este desejo de pecar se chama tentação.” ; “Se o desejo se materializa em ato, em atitude ou omissão, aí surge o pecado.” :

Veja o art.1752: “Em face do objecto, a intenção coloca-se do lado do sujeito que age. Porque está na fonte voluntária da acção e a determina pelo fim em vista, a intenção é um elemento essencial na qualificação moral da acção. O fim em vista é o primeiro dado da intenção e designa a meta a atingir pela acção. A intenção é um movimento da vontade em direcção ao fim; diz respeito ao termo do agir.” [x: é a atitude, ela não está separada do ato: se a intenção for criminosa, ela configura também a vontade. É o fator determinante de um crime em Direito Processual Penal: a pessoa “teve o desejo de matar mas não matou”, por isso “é um inocente”? Este não é o entendimento da Justiça, por se constituir um ato criminoso, pra qualquer ângulo ela é o fato gerador, o marcador do início da ação, porque pode ser o indício da progressão de um criminoso, onde há fumaça, há fogo.: é algo que não pode existir. É na intenção que está a declaração de vontade daquele que pratica, ainda que seguindo em desentendimento: não é por desconhecer a Lei que ele está livre do pecado: é análogo ao desejo, se a intenção for pecaminosa, é pecado: um pecado ‘leve’, mas é pecado.

Leia também, a tentação é o caminho que leva ao pecado [x].

Sim, fecha com o que está escrito acima, a tentação não é pra existir em puros, a tentação existe naqueles que brincam com seus desejos, e só por isso, se queimam como uma forma de ‘confirmação do mal’, em uma forma de reconhecimento de Deus, este é o entendimento de Paulo, da Graça, não é Cristo, que “o bom é a carne, o podre que Deus proveu, e só por isso a misericórdia é grande, com as mais miseráveis de todas as criaturas, e só por isso a ressurreição teve algum valor”.

Ora, dois homens se encontram com o intuito de ter sexo, e em meio a volúpia, libido, olhares provocativos, gestos obscenos, ainda com roupa, e igualmente, sem se tocar nem tocar um no outro, mas em um desejo ardente de uma mútua possessão de corpos, carinhos e gestos, ainda assim, não é o marcador do ato..? Você pode me classificar a atitude e o ato neste caso, por favor..? qual é a concordância que o seu entendimento carrega? Isso vai me ajudar a entender o seu entendimento também. Eu duvido que Cristo concordaria com este tipo de coisa, teria que estar escrito no Livro, teria que estar escrito nos artigos que você me mandou, e não está. Eu questionei o catolicismo, mas você não me deu um exemplo Bíblico. A doutrina católica não é tão específica assim. E até por isso, eu penso que ela será reformulada, por não ser tão ampla em suas definições.

“1869. Assim, o pecado torna os homens cúmplices uns dos outros, faz reinar entre eles a concupiscência, a violência e a injustiça. Os pecados provocam situações sociais e instituições contrárias à Bondade divina; as «estruturas de pecado» são expressão e efeito dos pecados pessoais e induzem as suas vítimas a que, por sua vez, cometam o mal. Constituem, em sentido analógico, um «pecado social» (109). [x]

Concupiscência é um desejo sexual [x]. Não existe pecado sem desejo, não existe tentação sem proibição, são coisas que andam juntas, inseparáveis: se a tentação ocorre, um desejo pecaminoso já está configurado, o desejo pecaminoso não depende da tentação pra existir, a tentação é apenas a sua manifestação, a tentação ocorre em uma etapa final quando a proibição está configurada, no latu sensu de um conhecimento da Lei. Não tem outro entendimento, é pecado. É como está escrito.

Na sua segunda resposta, você falou: “Você tira Mt 5,28 do seu contexto. Se lermos ao pé da letra, o mundo deveria estar cheio de caolhos. Não é isso. Leia a perícope inteira: Mt 5,17-48. Jesus, no Sermão da Montanha, indica a Lei e os Profetas não foram abolidos, mas aumenta sua exigência, inclusive no amor: "Se amais somente os que vos amam, que recompensa tereis? Não fazem assim os próprios publicanos?" (Mt 5,46).”

Segue, da vulgata, o versículo que cotei: “Ego autem dico vobis: quia omnis qui viderit mulierem ad concupiscendum eam, jam mœchatus est eam in corde suo.”[Mt5:28]

Foi como Cristo entendeu, que o desejo pecaminoso é o elementar, ele é o marcador do pecado, foi de onde o pecado veio, porque o desejo é o fogo, você entende, Luís? É ele que controla a chama, se ela vai queimar ou não, não faz diferença, se ela está acesa: é porque aquilo ainda não morreu. Você tirou Mateus5 do contexto ao afirmar que Cristo afirmou “desejos luxuriosos” como “toque físico” para o homem que olhou com desejos luxuriosos para a mulher e já havia, para Cristo, cometido adultério com ela em seu coração. Releia Mateus, aonde o desejo está angulado na luxúria, é pecado: desentender isso seria desentender Cristo também.

Você falou também que: “O artigo 2846 é claro: "Esta petição atinge a raiz da precedente, porque os nossos pecados são fruto do consentimento na tentação". Ou seja, pecar é aceitar a tentação.”

Não, está errado o seu entendimento, não existe tal coisa pra Cristo, “aceitar” alguma coisa , a aceitação é praquele que está em dúvida de fé, que nega aquilo que viu, mas que gostou, porque se não houvesse um gosto ali, tal coisa não teria acontecido, não é..? o gosto em questão é o desejo, ele é o marcador da ocorrência, tal coisa não existe no mundo natural, um animal “ser tentado pelo outro”, o Torá desde o início buscou afinar seu entendimento com o entendimento do natural, aceitar alguma coisa é ter o prévio entendimento de que algo está configurado: e neste sentido, não há portas, você já está no corredor do pecado. Penso que a igreja Católica cometeu um erro aí, porque o artigo fala justamente o contrário, é não deixar entrar , não é exatamente igual a aceitar sua continuidade, a tentação tem que ser algo inexistente, só isso, ela não é o ‘caminho pro pecado’, mas o pecado já configurado, foi onde Cristo buscou a correção, ele não prestou atenção a Satã no deserto porque nada daquilo pra ele era um gosto, não se tratava de algo que lhe causava alguma coisa.

Por que Eva prestaria atenção a serpente, se não era um gosto dela.? Subordinar o gosto a moral, em tais condições é falsidade, nada mais que isso: isso não ficou batido em Cristo, ele marcou bem isso, é uma inexistência: o artigo se refere em consentir na tentação é dar continuidade ao pecado, isso não é marcação de início, o desejo pecaminoso já ocorreu antes da tentação sequer ser configurada, ela não é a raiz de nada, mas a manifestação de algo existente e já sob aceitação: portanto não pode ser a precedência de nada também, ela só pode ser um pecado configurado, porque um desejo pecaminoso ocorreu sem maiores explicações: é nele que a tentação se desenvolve.

Você também falou que : “O artigo 2847 diz: "Devemos também distinguir entre «ser tentado» e «consentir» na tentação": já esclarecido acima.

Você falou, “Para dizer que meu entendimento está errado, você deve indicar que o artigo 1868 do Catecismo foi retirado ou corrigido. Isto não ocorre. Assim, minha resposta está claramente dentro do que a questão pede, ou seja, se o desejo é um pecado. Não é. É apenas tentação.”

Então, como já foi dito, a pergunta foi a seguinte: “de acordo com o catolicismo moderno, se um homem desejar outro homem na carne, cometeu pecado, por ser contrário a Lei de Deus?”: o desejo em questão é um desejo bem tipificado, o desejo pecaminoso, entendido sob a óptica da luxúria e concupiscência: nem todo desejo é pecado, mas os desejos considerados pecaminosos, são. Você acha que um homem que deseja outro homem na carne não é um desejo pecaminoso? Curiosamente, você respondeu que não, que estaria ‘sob a vacância da tentação’: eu tou tentando entender seu entendimento, porque eu não generalizei o desejo, ao contrário, eu tipifiquei ele.

Você acha que desejar pecaminosamente, da forma como foi colocado, não carrega o consentimento da tentação, no agente que pratica? Não exige o reconhecimento prévio do proibido..? e ainda assim, você acha que a aceitação em continuidade é inespecífica..?

É possível existir uma tentação sem que exista uma proibição que a suporte? É possível que exista um desejo pecaminoso configurado sem que haja aceitação para continuidade e desenvolvimento do mesmo..? E até por isso a vacância do aprendizado não cabe neste estudo de caso tipificado, naquilo onde a tentação poderia ser melhor contextualizada, como uma ‘vacância da Lei’. O entendimento católico não está exatamente igual ao de Cristo, só isso, e com certeza estes artigos serão removidos no futuro, como tantos outros que já foram.

Você falou, na sua primeira resposta: “O pecado não está no desejo, mas no ato. Conforme está no Catecismo da Igreja Católica: 1868..” ; Você falou também que: “O grifo mostra exatamente que o pecado da homossexualidade se dá pelos atos e não pelos desejos”

O artigo 1871 deste mesmo capítulo, diz que o desejo é uma forma de pecado: 1871: “O pecado é «uma palavra, um acto ou um desejo contrários à lei eterna» (110). É uma ofensa a Deus. Levanta-se contra Deus por uma desobediência contrária à obediência de Cristo.” [x]

Tem desejo que é pecado, é o que tá escrito. Poderia existir um pecado sem desejo? Isso é descaracterizar a vontade, ficaria faltando um pedaço, naquilo que se define como um gosto: isso é básico, Luís, não tem alinhamento da vontade sem desejo, e até por isso, os desejos foram melhor estudados e interpretados pelos teólogos que se seguiram, eu posso enumerar um monte aqui, e a grande maioria Católicos. Não existe tal coisa como você colocou, pecado sem desejo, pode existir desejo sem pecado, penso que a omissão não vai tão longe em esconderijo, no desentendimento de algo tão claro na classificação de um ato, independentemente de sua escatologia e predisposição. Desejo é uma condição sine qua non para o pecado: a tentação não ocorre sem desejo, o desejo é o elementar no ordenamento jurídico e disciplinar de Cristo. A sua tipificação determina o ordenamento do pecado. Se os Católicos não entenderam assim, então eles também não entenderam Cristo. Não pode haver luxúria de qualquer natureza, no ensinamento de Cristo, seja psíquico, mental, corporal, linguístico, ocular, olfativo: aquilo que está enquadrado como desejo pecaminoso, aquilo que ele angulou como luxúria, concupiscência, é zero.

É como eu disse, o Sacrifício, pra Cristo, não era pouca coisa, não tinha ouro, não tinha indulgência: a carne é morta e o Espírito é Santo, não tem outro quadro, a preocupação de Cristo é com o Espírito, os problemas da carne não podiam atingi-lo de qualquer forma, não existe em Cristo o entendimento de brincar com a tentação, isso é demonstrado na passagem do Deserto.

No único exemplo onde ele caiu em tentação, onde ele desejou pular uma taça, entendeu logo de cara do que se tratava, e pediu ajuda ao Pai, pra não entrar em omissão, em concordatividade lascívia: por entender que o ato já tinha começado. A passagem descreve um Cristo problematizado: ele queria estar com os amigos, e aquilo se manifestou como um desejo progressivo, onde não podia mais ser como era antes, e foi difícil isso pra ele, ele falou “não beberemos agora porque em breve eu serei um ressurgido, mas beberemos no céu, quando eu estiver limpo e purificado, quando então beberemos como amigos, porque vocês todos estarão na mesma condição que eu, sem desejos concupiscentes”.

É uma janela pequena, uma coisa é aceitar a tentação, o pecado, e a outra coisa é simplesmente não entrar nela, leia-se, pedir força naquilo que se quer muito, por ela não ter nenhuma razão de existir: o amor não pede força, porque o amor não é uma contrariedade dos sentidos.

É um estado tântrico, que Cristo cotou pra ele mesmo em seu objetivo funcional, em seu ministério.

Foi como os Judeus do Ano I entenderam Cristo: muito pior do que o entendimento do Judaísmo Antigo, Cristo havia pregado uma coisa impossível. E está correto o entendimento de Cristo, é muito parecido com o entendimento do natural: tais coisas não acontecem entre duas pessoas que se amam, “tentação”, nem muito menos o pedido de força pra lidar com ela, não é um esforço, não é uma escolha. Foi este sentimento que Cristo angulou e queria para ele. Passar alguém na rua e você desejá-lo e negar que desejou, ou muito menos não poder olhar pra qualquer coisa por ficar problematizado com tudo: é desentender completamente o amor, ou desconhecê-lo totalmente. Se a sociedade dos caolhos existe, é porque o Reino do Pai não está na terra, porque isso ‘é pedir demais pro ser humano’, ou pra cristandade que o representa. Não há outra forma de entender os Santos: não se trata de um teste de fidelidade com Deus, Cristo não quer oferenda, quer o próprio corpo, do jeito que ele entregou o corpo dele pra Deus, foi como eu disse, é hardcore. Sim, Cristo falou pra tratar bem os inimigos, inimigos estes que estão sob a sua cabeça, pros demais é interficite, Cristo aceita o mau-cristão, ainda que na condição de inimigo, pode ser parente, ou até um amigo, ou até mesmo um sacerdote de Califas, um Judeu verdadeiro: o amor, em tais condições, tem que ser entendido como tolerância, como está na Vulgata, diligati, respeito, ponderação, paciência, misericórdia, compaixão..: mas daí ao entendimento ser sexual, ou alguma coisa que gere um entendimento cruzado, que leve ao desentendimento do que está Escrito, isso não é Cristo, no máximo Paulo, e nem ele mesmo assinou o que você escreveu, que o pecado ‘começa nos corpos’, isso não existe, Luís, eu não sei de onde você tirou isso, tá mais parecendo uma declaração independente, eu mesma nunca ouvi isso. Porque não tem como chegar nos corpos sem a aceitação da tentação: De modo que, naquilo que você falou, que o pecado começa “a partir da aceitação da tentação”, está simplesmente na concordância do olhar, na justiça dos olhos, naquilo que é “delicioso pra comer”.

Genesis 3:6 (RHE) : And the woman saw that the tree was good to eat, and fair to the eyes, and delightful to behold: and she took of the fruit thereof, and did eat, and gave to her husband, who did eat.

“E viu a mulher que a árvore era boa de comer, e justa aos olhos, e deliciosa de pasmar: e ela pegou o fruto dali então, e comeu, e deu ao marido dela, o qual comeu.”

O pecado, pra Cristo, tá aí, esse é o marcador do pecado, é o desejo configurado, “aquilo é meu e eu posso pegar”: Mateus 5 está alinhado com isso, e foi onde Cristo discordou do Judaísmo, que não basta ser um teste de fidelidade, é um olhar que não pode existir, porque Deus não tenta ninguém, seria inócuo pensar que Deus teria instituído a tentação como um instrumento de prova de amor. Bom, Cristo não aceitou deste jeito.

Obs.importante: a Bíblia não fala se após Eva comer a maçã fez sexo com Adão, falou que eles estavam envergonhados e escondidos, nada mais que isso, e aquilo ali já foi o suficiente pra Deus. Pra Deus era importante que o gosto pelo natural não fosse maior que Ele, se Eva tomasse Adão como um gosto, ou Adão tomasse Eva como um gosto, por questões sensoriais, cheiro, toque, volúpia e prazer, no latu sensu da carne, aquilo seria pecado. Pra Cristo, alguém que olhasse com gosto-de-Eva, do tipo “quero te comer”, já é o suficiente pra tipificação de qualquer coisa no que aquilo já é e naquilo que se segue: não precisando chegar ao final, como você colocou.

Então, Luís, se você tiver alguma argumentação, eu quero do Livro, porque o entendimento católico já foi esgotado, naquilo onde o diálogo seria possível. Ou, se não puder ser do Livro, de grandes teólogos, pode ser do ocidente, mas eu quero uma coisa bem específica: afirmações do tipo, “o pecado começa no ato-físico-carne”, porque esse é o marcador da concordância e da aceitação, sobre o qual a tentação se desenvolve, que possa dar uma confirmação sobre o que foi perguntado: se desejar alguém nas condições que foi colocada, luxúria, é pecado - que é o caso dos homossexuais, um ‘homem que deseja outro homem na carne’ não cabe outra interpretação: é o caso de uma relação virtual por exemplo, não existe corpos ali: qual é o seu entendimento dos grupos sociais, sites pornográficos, e o indivíduo em casa sozinho com os seus desejos inofensivos, com o seu próprio corpo, uma auto-possessão, não estão devidamente enquadrados na Lei de Cristo como desejos luxuriantes..?
“Anne, se fosse assim , todo mundo estaria condenado...”: é, eu não perguntei o entendimento humanitário, eu quero uma confirmação do entendimento do Livro, porque o desejo não conhece distância nem lugar, assim como a Vontade do Dono, não dá pra se garantir no sono, em meio ao acordado ou dormindo, é algo que não pode acontecer, pra todos os ângulos, a tolerância de Cristo é zero, é ao que se refere o não cair, do 2846[
x] inc.VI. : não cair na brincadeirinha da aceitação pra seguir em continuidade do pecado, a tentação não existe nos puros, nem nos naturais, não existe tentação não amor, porque o amor também não é uma aceitação, você entende..?

Então, eu sei que a nível de Evangelhos você não vai encontrar nada, mas pode ser que em Paulo você arranje alguma coisa, eu conheço Paulo muito bem, podemos falar sobre isso.

Então, se possível, gostaria que você esclarecesse melhor o seu entendimento, porque no momento não posso dar nem meio-certo.

Grande abraço.

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Luis Henrique Piovezan

Há 2h

Se você quer estabelecer diálogo, deveria deixar de ofender. São suas ofensas:

·         Citar como minha fala na frase: "E você respondeu que não, que ‘o desejo é livre e que o pecado só existe a partir do momento que chega na carne’, leia-se, quando dois homens se deitam, não sendo específico se o pecado também começa em meio ao sexo ou só se houver a perda de semente. Nem nisso você foi claro". Eu não disse que desejo é livre, mas que o desejo não é pecado.

·         A frase: "Então, se possível, gostaria que você esclarecesse melhor o seu entendimento, porque no momento não posso dar nem meio-certo". Qual competência você tem para me julgar? Você diz que conhece teólogos, mas isso não é suficiente para ter conhecimento. Seja mais humilde.

·         A frase "E fiquei surpresa que o entendimento no Brasil possa estar estranho aos demais países com os quais tive contato e conhecimento, grandes teólogos, de grandes universidades e grandes centros, o pensamento deles não está exatamente nem parecido com o seu." Se você não percebeu ainda, citei apenas documentos do Vaticano. Não é um entendimento "do Brasil". Seu entendimento é que foge da ortodoxia.

·         Por fim, você mostra sua face anticatólica pela frase: "Então, Luís, se você tiver alguma argumentação, eu quero do Livro, porque o entendimento católico já foi esgotado, naquilo onde o diálogo seria possível". Se você não sabe, procure saber o que é Tradição.

Por fim, seu entendimento de pecado é doentio. Discutir se "o pecado também começa em meio ao sexo ou só se houver a perda de semente" é discutir um detalhe desnecessário.

Assim, encerrando este não-debate, sugiro que procure se aprofundar na doutrina católica antes de ficar criticando sem conhecimento mínimo.

Por fim, preocupe-se menos com os pecados dos outros e procure agir com mais Caridade (1Cor 13).

 

 Anne Henriques,

last reply:

Eu não perguntei “se o homem fosse tentado a desejar, seria pecado?”, eu perguntei “o homem que desejou”: você criou uma vacância temporária onde não existe, naquilo que foi perguntado: o homem que já desejou assina o desejo de luxúria, porque desejou outro homem na carne: é fato consumado. A negação da vontade ser uma exclusão do pecado: a tentação é um artifício criado dentro do Cristianismo, e neste sentido, para suportar o homossexualismo dentro do Judaísmo. Penso que isso explica muita coisa. Mas não tem como explicar a negação de um gosto: que um gosto interrompido ‘afasta o pecado, por o desejo ter fracassado’: foi o medo que interrompeu o desejo: o desejo não pode ser entendido como o fogo que acendeu, como se o fogo, na condição de um gosto, não existisse antes. Em Gênesis 6:6, Deus afirma que os sentimentos do homem não são iguais aos Seus pensamentos: Leia-se, Deus não pensa em outro homem, por entender que isso seria um desagrado a Si mesmo: até onde se sabe, Adão era um imbecil, mas não era um gay. Então, o entendimento correto é que o homem, na condição de homossexual, perante Deus, é um pecador, simplesmente pelo fato de estar pensando em outro homem. Cristo afirma que o desejo na carne “acontece subitamente em meio ao trânsito da visão”, como algo provocado, como se aquilo não existisse até aquele momento: Do mesmo modo, é inócuo o entendimento de Cristo em “não deixais eu cair em tentação”, porque não cabe juízo nem interpretação, é algo que não é pra existir: um homem na condição de homem desejaria uma mulher, e se essa mulher não for sua, pode estar cometendo pecado, o adultério da Lei: Não tem sentido um homem que é um homem desejar um outro homem, isso não acontece entre homens: Então, a tentação foi algo inventado dentro do Cristianismo, no latu sensu de uma concupiscência, de acordo com o que foi explicado acima. A comunidade LGBT sabe que eu não advogo este tipo de coisa, tanto faz homem com homem, mulher com mulher, estas coisas vão da natureza de cada um. A questão aqui colocada é qual a importância do homossexualismo para o Livro, e que tipo de tratamento foi dado: e o tratamento é esse. Penso que o cristão que busque uma compreensão na crueldade de Deus como sendo o amor, em uma forma de desentender sua própria negação, e criar pra si um entendimento paralelo em seu próprio juízo, arranjou uma forma de desentender tudo isso, mas o entendimento do Livro é muito claro, e é como eu disse, os católicos, mesmo sem explicar a questão, já deram o seu parecer sobre o assunto, e a comunidade LGBT pode assumir e viver da forma que quer, como pensa, mas naquilo onde seu verdadeiro gosto está envolvido, ele será sempre um pecador, e a pergunta que não quer calar é basicamente essa: Por que a necessidade da bênção, se já encontraram o amor? Seria desentender o fogo, algo em que não existe uma interrupção. A tentação não pode ser um mecanismo de exclusão do desejo, que o fogo estava “apagado até aquele momento em que algo o acendeu”, para depois subitamente apagar novamente e afirmar com isso que o desejo não existiu. A interrupção da vontade, propositada em um juízo imperfeito, não o exclui da condição de pecador, aquele que ‘pensou ter visto alguma coisa’, e fazer desse ato factual um momento de purificação, que foi “Deus, me mostrando o mal, e só por isso, eu posso continuar vendo”, que “foi mentira do meu pau”, coisas deste tipo, “o inimigo fez isso comigo”, e não “eu fiz isso mesmo e posso me anular em seguida, e graças a tentação eu sou homem, porque todo homem se sente assim como eu”: Não, Luís: você pode tentar me chamar de “doente”, mas é desentender como a doença apareceu, quem é o Dono da doença... é um tipo de conversa que não deveria existir, é algo que não ocorre na natureza, a negação de um gosto natural, precisar fazer negando não é algo de animal, é o homossexual que pratica isso que tem que se entender melhor, e não, tentar desentender de vez a doença que ele segue, nem que precise descaracterizar o que está Escrito, para isso:  E achar com isso que isso descaracteriza o pecado para a Lei, em uma desculpa isencionista, como se Deus não soubesse o que está acontecendo e isso fosse a alterar o status do crime para Ele, por ter a “capacidade de convencê-Lo”: o nome disso é autotutela, algo que ao servo não foi dado, e o livre-arbítrio é pra quem quer existir fora da Lei, i.e., no pecado.

http://en.wikipedia.org/wiki/Pope_Francis_and_LGBT_topics

Em notas adicionais, o padre não retornou, ele fez o último comentário, e eu de fato não vi nada que eu pudesse adicionar, algo mais, apenas faço algumas observações abaixo, complementares, por essa característica do cristianismo em subjugar as pessoas e desqualifica-las pessoalizando contra elas, no sentido de que “todos são pecadores”, “todos são mentirosos”: e foi algo que sempre me aborreceu, porque eu sempre levei a Palavra a sério, e entender este sentimento cristão sempre foi difícil, e nunca concordei com este determinismo de que todos são assim, que todos vão agir assim, que todos estão sob esta condição de dependência e vício, e no caso de Cristo, tanto naquilo que envolve a sua própria sexualidade, nunca me utilizei disso pra ventilar algum defeito ou desqualificá-lo, naquilo onde o seu entendimento filosófico e interpretações do Torá como algo necessariamente inventado: ele propôs uma alternativa, essa alternativa carregava alguns presets considerados válidos, então, naquilo onde ele falou, e parece claro o seu entendimento, ao longo dos anos, eu fiz como todo iniciante em questionamentos Bíblicos faria, até chegar a uma condição de ter um volume, um entendimento próprio, mas sempre nesse sentido: qual a seriedade daquelas afirmações, em que condições essas palavras foram ditas, e escolhi esse ângulo que eu acho elementar para o entendimento das fraquezas humanas, o desejo, e a questão que envolve o homossexualismo nunca foi algo temático, no sentido de que aquilo tivesse de fato relevância: agora, mudar o que foi Escrito é outra coisa, porque isso vai de contra o entendimento daquele que quer uma coisa considerada válida. Então, a maioria das pessoas com quem eu tive um debate acirrado, eu sempre tratei com respeito, eu nunca busquei subestimá-las, nem reduzi-las ou provocá-las, ou submetê-las a algum tipo de constrangimento, o aborrecimento sempre veio porque as respostas continham algum defeito explicativo, quebras de racionalidade, informações pela metade, falta de materiais de base, ou algum tipo de agressividade pessoal sem necessidade alguma, e aquilo não era explicativo praquilo que havia sido perguntado, havia uma tendência de mudar o entendimento daquilo que perguntei e responder outra coisa e me forçar a reexplicar novamente que a resposta não havia sido dada, que era necessário melhores explicações, e os cristãos de uma forma geral desaparecem quando você tenta buscar um maior esclarecimento. E mesmo assim, eu segui dessa forma, buscando explicações e lendo todos os materiais de base que as pessoas me mandavam, e eram muitos, depois de um tempo, retornava para elas, depois que havia lido, eu fui buscando o entendimento, que de fato não só os cristãos mas o ser humano de uma forma geral tem uma dificuldade quando encontram um natural na outra ponta, além do mais um natural com conhecimento e habilidoso, e querem relacioná-lo a qualquer custo com o ‘demônio’ ou com algo que está envolvido com uma forma de autodefesa, de, não tendo uma resposta, chamar o outro de mentiroso, e criar um perfil pra isso em um imaginário que possui características bem interessantes, elas também são bem conhecidas, e essas coisas nunca funcionaram comigo, eu de fato tenho um diferencial que me permitiu subsistir, permanecer na mesa por mais tempo, e cobrar melhores explicações, e é basicamente isso que eu tou fazendo, postando alguma coisa deste tipo, sobre tópicos onde essas coisas ocorreram, este tópico em questão ele tem uma especial relevância para as histórias que estão sendo escritas no momento, também pro que está acontecendo no mundo, e também, falar um pouco mais de mim porque vocês realmente não me conhecem, eu vou fazer uma postagem mais afrente, do local onde vivo, como é meu dia-a-dia, é uma vida muito simples, e até por isso eu cobro muito também dos institucionais, estes, que vivem às custas do governo, que têm a sua papinha garantida todo dia, que custam caro pra terra, que são dispendiosos pro planeta, e isso inclui os governantes também que se acham na condição de alguma importância pra natureza ou até mesmo pros Deuses, e são dependentes do mundo, coisa que eu não sou, eu não dependo do mundo pra nada, vivo no meio de uma floresta, no meio de animais e plantas, mas eu vou fazer essa postagem sim, explicando mais como funcionam essas coisas poraqui, o que é viver sem tecnologia, e da própria natureza.  

 O padre queria me convencer de um falso Cristo, que eu teria ‘lido errado alguma de suas passagens e interpretado mal’, que Cristo ‘não era sério, que estava disposto em meias-verdades, que ele afinou pro Satã no deserto’, como também que ‘era chegado a festas e afinava pra taças de ..’, que havia fraquezas em Cristo que deveriam ser reconhecidas como algo humanitário, que Cristo performizava algo para que algo pudesse ser visto, mas que ele mesmo não era isso. É, eu não tinha como entender assim desse jeito, “meio-Cristo”: se Cristo não era hardcore, e nesse sentido Cristo teria exigido algo impossível do ser humano, baseado nele mesmo, eu não teria como levá-lo a sério também.

Nunca desejei outro homem, nunca desejei outra mulher, o corpo humano para mim é igual a de qualquer outro animal, eu nunca vi a genitália em bicho, eu não sei o que é esse olhar escondido, não sou possuída pela imagem, por isso, masturbação é algo que não existe. Eu não sou usuária de cannabis, como já disse antes, há alguns anos larguei, por questões de terem destruído a planta,  não por ela “sustentar o narcotráfico”, naquilo onde as condições do país não deixaram outra possibilidade; também não planto, jamais aceitaria nada na condição de esconderijo, é algo que não pratico, isso estaria indo contra meus próprios princípios.

Desentendendo com tudo isso que uma planta não é o pecado, eu teria que culpar Deus por isso, uma vez que não tem uma outra explicação possível de o mal ser inicializado, no latu sensu de a-natureza-criada: Deus proibiu o gay, não proibiu nenhuma planta verde. Do mesmo modo, não gosto de maconheiro, entendo igualmente como usuários, sujos e emporcalhados, igual a alcoólatras, e até por isso defendo também a proibição.

A droga, como está contextualizada nas histórias, é por outro motivo: quererem usar a natureza como substancialidade da prova do mal, e a Teologia usar o Estado como uma forma de violação, violação de corpos.

Do mesmo modo, nunca fiz aborto, sou contra o aborto, mas defendo a sua liberação, pela condição humana de milhões de pessoas que morrem anualmente, existem amplas documentações sobre isso, que acontecem não só em meu país.

Também não sou gay, mas não sou contra o homossexualismo, se é do gosto é algo que não pode ser evitado, por isso, é ridículo a benção, e bypassear o que foi Escrito.

Eu não tenho como aceitar a tentação como algo natural, e o esforço foi grande pra entender tudo isso, o tratamento humano a natureza.

Me defino como alguém que nunca cometeu uma violação nessa vida. E o meu entendimento se fecha de certa forma com os entendimentos ortodoxos, mais ainda, ultra-ortodoxos, mas não pela via instrumental do Livro, mas por outros caminhos, naturais: o natural não tem esse tipo de coisa.

“mas, Anne, teu pensamento tá errado, de fato o padre tem razão, Cristo ele mesmo não era assim desse jeito, ‘fome-zero’, ele sofria de gula e gostava de vinho, era também chegado a uma festa-romana, ou grega, vai depender dos sentidos..”: se vocês entenderam Cristo assim desse jeito, eu penso que vocês entenderam errado, esse é o entendimento de Paulo, peço que leiam alguns de meus tópicos, porque o pensamento católico também está bugado.


“Anne, tu tá mentindo, tu não pode ser melhor que Cristo.”: tá bom, eu não tenho como lutar contra isso, eu digo que o natural é desse jeito, de modo que o amor, esse que eu me refiro, não se move em fugas explicativas do ser, em martírio, sofrimento... da mesma forma, o ‘amor universal’, dessa forma como colocado, ‘amar a todos’, é algo que não existe: amizade não é amor: o gosto está relacionado com muitas coisas, mas o amor, o dois, assim entendido o macho e a fêmea, é algo da flor, de fato algo muito raro de ser visto, e até por isso, o amor é uma lenda e existem poucos relatos sobre isso. Mas aqui na floresta onde eu vivo, muitos animais têm o comportamento deste tipo, pares naturais: quando, por algum motivo, um é absorvido, o outro é absorvido também. Então, eu não tenho de fato como concordar com o cristianismo, até pelas minhas próprias experiências pessoais. Se Cristo não era assim desse jeito , então existe um falso cristo, Cristo foi usado de alguma forma como sistema macroeconômico da fé, do mesmo modo, alguém que não é pra se levar a sério. “mas Anne, Cristo não foi casado, ele viveu a vida inteira sozinho, e não tinha filhos, e ..”: sim, mas ele acreditava em algo e morreu por isso, e fez da sua vida um sacrifício, e afirmou a terra como morte, não..? e não tendo mais como lutar parou ali, então... eu penso que esse caminho percorrido por Cristo deu detalhes de sua personalidade, elas estão distribuídas em muitas passagens.

E eu lamento por ele não ter tido uma passagem verde, não ter vivenciado esposa e filhos, não ter encontrado o amor nessa vida, e ter visto a natureza como um defeito. Do mesmo modo, é sublinhante o seu modelo alternativo, método compensativo praqueles que não puderam ter outra forma de existência senão essa, não amarem nem serem amados, e se sentirem sozinhos, abandonados, não existe nenhum relato Bíblico que Cristo sonhava, um sonho de Cristo, uma música que ele cantava, se ele dançava, se ele sorria, se ele dormia e acordava com alguém que ele amava, se para ele Deus era isso, o amor.. . Então eu desenvolvi uma relação de respeito por Cristo por conta disso, ele suportou a maior dor de todas: a existência em uma ausência: e eu não tenho como odiá-lo por isso, eu lamento por ele, por isso ter acontecido com ele. Da mesma forma, eu não tenho como questioná-lo pelo seu determinismo em seguir afrente desse jeito, como um modelo explicativo de Deus, eu só não posso aceitar isso como o modelo explicativo do amor: tem coisas que você não consegue fazer, então, o elogio encontra algum favor aí, ele de fato fez algo pela humanidade: mas que isso não seja desentendido como a naturalidade de coisa alguma, Cristo não era um natural.

Agora, naquilo onde Cristo se dispôs a fazer, e deu sinais claros de como a coisa deveria ser feita, ser encontrado algum defeito, no sentido de que ele ‘não fez direito’, eu também reagi sobre isso, e em muitos tópicos meus isso é visível, de certa forma eu tou defendendo Cristo, pelo meu entendimento de que o que ele fez foi algo impossível também: eu não conseguiria, por exemplo, não é questão de morrer, o suicídio é comum em pares naturais, se um não está, o outro não fica. Do mesmo modo, é comum se um perder a mão o outro entrega a mão dele pro outro, se um perder o olho o outro entrega o olho dele pro outro, não podendo entregar o coração porque o outro ficará sozinho e não adiantará nada: no amor, para todos os ângulos, não existe sacrifício, é algo que ele faz sorrindo, é pro outro que ele está dando. Este tipo de coisa não é algo que você faz para todos.

Aquele que tira os olhos e taca no chão porque não quer ver alguma coisa, está fazendo por ele mesmo, por aquilo que ele acredita e não quer ver.

“Mas, Anne, isso é uma forma de egoísmo..”: o egoísmo é algo do totalitarismo, o totalitarismo se define por uma coisa só, a Unidade: o egoísta é aquele que só pensa nele, se define como o Sozinho. A natureza do amor é o Dois.

Penso que a religião arrumou uma forma de desentender isso também, porque seguir em separação é uma forma de juízo, a liberdade é entendida como o indivíduo, porque o sozinho é aquele que não ama ninguém. Ora, se você está com o outro, por que vai existir mais alguém..? você não percebe que no amor tudo faz sentido, e no sozinho é tudo explicação..? Naquilo onde, em um, a fala é fácil, no outro é difícil, arrastada pelo chão..? e a dificuldade é sempre a mesma: um estava onde o outro não: ora, essa é a sinapse do memorial-Bíblico, e isso também aconteceu com David, Moisés e Abraão, a figura de Deus é um ausente que aparece de vez em quando. Como pode alguém andar com Deus no deserto sozinho e dizer que estava com o amor..? cadê o outro..? A natureza definiu o amor como o macho e a fêmea, é a natureza da flor, para qualquer ângulo é dois.

Então, a religião é basicamente isso, o método explicativo do 1, isso não tem como ser o amor, pode ser outra coisa: a convivência, a paz, a tolerância, a amizade, o funcionamento de algo que, sem unidade, seria impossível: agora, dizer que nem nisso Cristo foi bom, e falhou... . Então, tem que existir de fato uma explicação pra algo que ficou faltando: o gosto, na natureza, é definido pelo dois: o tanto quanto a vontade humana não é um gosto, mas definida pelo 1, um conceito de bem e mal, onde o juízo está relacionado: isso pode ser o elementar pro funcionamento, onde igualdade e justiça podem ser bem relacionadas, naquilo que se entendeu como funcionamento de um Estado: mas é inócuo pensar que na consciência de Deus o gosto pelo natural teria sido afastado, porque, de outra forma, no Início, ele teria criado dois homens ou duas mulheres, se ele pensasse diferente, que a base de qualquer coisa só poderia ser fundamentalizada no dois.

“mas Anne, Deus não pensou exatamente  no amor, mas na semente..”: se Ele pensou nisso, então Ele estava sob um limite, havia algo do qual Ele não poderia violar também, ou o universo não seria possível. A ciência tentou provar o contrário e quebrou a cara, não existe na natureza tal reprodução de simetria, nem na física nem na biologia.

Então, do mesmo modo, Cristo não faria a mesma coisa que eu. Eu sentaria na mesa sem desejos, eu sento em qualquer mesa sem desejo e sem violência, sem nenhum tipo de violação própria ou com terceiros: a mesa do fogo: qualquer um que senta nela tem que estar na mesma condição, senão vai ser queimado. A minha condição é aquilo que vocês chamariam de santidade, mas da mesma forma, está errado, porque o termo correto é o Natural. Portanto, os termos são irrelacionáveis, incomparáveis, por se tratar de dois sentimentos diferentes. As “fraquezas” do natural são outras, é ficar separado daquilo que ele gosta, é do que um animal tem medo, é da prisão, porque foi exatamente aí que a religião angulou a propriedade, na forma de abordagem, em violar um animal na forma da qual ele não aceitaria, da qual ele não pudesse reagir, ou, mais ainda, forçá-lo a uma animosidade, para provar com isso a qualidade da carne, e angulá-lo como perigoso.

Eu entendo muito bem todas as maldades humanas, por isso me afastei do mundo, porque conheço bem suas intenções. E é por isso que meu ângulo sobre Cristo está certo, é razoável supor que Cristo buscou a mesmas condições do animal, porque a natureza foi usada desde o início como ângulo de uma criação, seria normal supor que a idéia seguiria o mesmo caminho até o final, que o amor fosse ângulo de um juízo, por ver nele um tipo de perfeição que não pode ser encontrada no ser humano, apenas na natureza, é algo que o animal faz com relativa facilidade, o “não toca em mim, porque senão meto um tiro na minha cabeça”, sem nunca isso ser um sacrifício: nenhum animal na natureza selvagem vai aceitar tal procedimento humano de querer meter a mão. Cristo não aceitou a condição do natural, por isso ele aceitou o sacrifício. É não. Ora, se Cristo não era assim desse jeito, eu também não sei se o entendimento da ortodoxia é esse, cheio de defeitos, eu penso que ele falhou também. E de alguma forma, tensionava não morrer, e buscou a todo instante uma fuga, uma tentativa de escapar, que viveria por mais tempo, até os 90, se não fosse perseguido, e não botaria um fim a algo do qual ele não tinha como evitar, por estar na condição da morte, a vida em humanidade não ter outro sentido.

Penso que muitos de vocês ao lerem estas coisas podem considerar insano, melhor não ler mais nada meu, mas olha, eu não condicionei nenhuma das minhas postagens a nenhum melhoramento, nem que a humanidade mude seu curso nem entendimento naquilo que ela se colocou afrente como um caminho a ser seguido, do Torá ao Cristianismo moderno, eu sempre me preocupei em buscar paralelos com o natural, pra ver se o profeta em questão era um cara sério, se ele assinava aquilo que escrevia, como o Papa Francisco, que fica mudando de tempos em tempos seu pensamento, coisas desse tipo. Eu penso que a ortodoxia está atenta a este tipo de coisa, e não quer isso pra ela também, e ainda que não se tenha de fato um Cristo como se gostaria na mão, existe uma referência que deve ser seguida, o mais perto daquilo que se esperaria daquilo desprovido de prova, de roupa, de fantasia, ou falsas realidades, isso não pode ser de forma alguma uma simbologia, no latu sensu daquele que não tem isso, não pratica isso, nem acredita nisso, e quer existir no outro como uma forma de usurpação: o entendimento da propriedade é por esse caminho, ele é hardcore também: não existe um dono do corpo humano: o corpo não é da natureza, porque a natureza não tem corpo, a natureza não tem rosto, a natureza não é um poço: e aquilo que acontece com o orgânico parece ser o grande desentendimento na mesa: o corpo da natureza não é da idéia.

Então, eu penso que nós temos os dois caminhos aqui: se tem um bom referencial de valor, é Cristo, é com ele que a humanidade deve seguir e não pode abrir disso e procurar outros representantes, outras doutrinas. Agora, só ele não vai adiantar, porque Cristo não era verde, a natureza de Cristo era imprópria, Cristo não aceitava ser do barro, o humus dele era do céu. E eu penso que o caminho é poraí: faltou o entendimento da terra, e sobrou o entendimento do mal, então, interessante que essa postagem dessa discussão com o padre tenha acontecido agora em meio a essa conjuntura mundial, em que se discute todas essas questões que envolvem o desenvolvimento sustentável humano e o mundo natural, e as mudanças climáticas ganharam algum significado, no latu sensu de um inexplicável, algo que não foi previsto nos dias atuais e que não existe ainda uma defesa para isso.

E ainda assim o ser humano seja tentado  a seguir em desentendimento porque o seu desejo seja outro, destruir a natureza por ela ser o mal.